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08 October 2007

O assalto, propriamente dito

Há lá coisa mais bonita do que, para começar uma semana de trabalho, ser-se assaltado?!
Hum, eu diria assim de repente e sem pensar muito, que até há!

Eu não gosto mesmo nada de assaltos e menos ainda quando a vítima sou eu – É assim algo que não me dá muito jeito, entendem?
É como ir na rua e de repente: “...aaaah porra, então vai-me assaltar agora, é?! Epaaaá, é que não vinha nada a contar com isso!... Sabe, é que até estou um bocadinho em cima da hora e tal e tal... e isso é coisa para demorar um bocadinho, não!?...”

Os assaltos são sempre coisas desagradáveis.
Aqui há dias, fui vítima de um outro. Na ocasião, o assalto foi levado a cabo por um radar no IC22, a via rápida da Costa. Ainda fui a tempo de olhar para trás e, no momento do flash, triunfalmente, esboçar um sorriso – só pró estilo, estão a ver. Só espero não ter ficado de olhos fechados.

Mas essa, não tinha sido a minha primeira vez.
A primeira, foi em Belém - tinha uns 19 anos - mas felizmente consegui fugir! No IC22, também... pelo menos não vieram atrás de mim. Ao que parece não terá sido preciso - a fotografia tinha ficado óptima!

Só que, desta vez a coisa não correu tão bem!

Era cedo.
Estava bem disposto, e tudo!
Fixe, hoje tenho tempo!
A2, 12km de bicha!
Porreira, ainda bem que vim de mota - a berma é sempre uma boa alternativa para fugir ao trânsito e para evitar aqueles condutores ensonados que fingem não nos ver ou que por nada facilitam a nossa passagem por entre os carros. Estes gajos de certeza que têm noção do que são 215kg de mota a passar no meio dos carros. Palhaços!
Vou pela berma! É mais seguro, pensei!
E fui...
...mandado parar!

O senhor era gordo – muito gordo mesmo, daqueles que só conseguem ver que são mesmo homens ao olharem pelo espelho – falava ashim - não percebi se por ser lá de cima ou das ilhas, ou se tinha efectivamente graves problemas de dicção, mas na dúvida, escolho a 1ª – e cheirava a vinho que era uma coisa parva...

Ora, bons deiash!
Estamo’jaqui a fajer uma operachão... os xeus documeintos e os da biatura!

Dei-lhe os documentos para a mão – BI, carta de condução e documento único – o tal que é livrete e registo de propriedade simultaneamente – enquanto apreciava o cenário à minha volta.
Paradas na berma, estavam mais 15 motas. Todas, ali, pelo mesmo motivo ou infracção (dependendo de como queriram chamar) – circularem, na berma de uma A.E. completamente congestionada com 12 Km de bicha!
Quem mal é que isso tem, pergunto eu!?

Inspeccionou a documentação e disse: “...Ora, ixo dá direito a uma coima de xhexhenta eurus!...” – Sim, o senhor era daqueles que dizia eurus com “u” no final, e pelo sorrisinho de parvo que esboçava enquanto falava, e que lhe deixava ver a caixilharia toda fodida, estaria certamente a pensar “...vá, paga e não bufa! É que está quase a chegar o Natal e blá, blá, blá...”
Virou costas e foi-se enfiar dentro de um dos 4 carros da polícia que estavam ali preparados para o que desse e viesse.

Ainda em cima da mota, de capacete e óculos escuros postos, deixei-me ficar!

Quando voltou, cerca de 15 minutos depois, já vinha com a papelada toda preenchida.
Depois, foram só mais 20 minutos, à espera de uma vaga para pagar – os senhores agentes, tadinhos, não estavam à espera de tanta freguesia aquela hora e só tinham uma máquina POS.

Paguei e só depois de pagar – acho que depois de pagar eles já não me passavam mais nenhuma multa fosse por que motivo fosse – perguntei, em jeito de crítica?

Hoje deu-vos para isto, não é? – é a típica introdução do tipo: Tá frescote, e tal?!
Desculpe, mas se calhar não reparou que a mota pode nem ter seguro. É que não me lembro de lhe ter mostrado a carta verde...
Por outro lado, o selo – aquele papelinho que custa o olho do cú, e que é o único que querem ver quando se lembram da importância deste tipo de operações – tenho-o aqui! Quer dar uma vista de olhos?
Ah, e.... não sei mas, conseguiu reconhecer-me no BI? É que ainda nem tirei os óculos escuros e o capacete? Até podia ter-lhe mostrado o BI da minha avó – assim, como assim, ela também tem um certo buço que lhe dá alguma parecença com esta minha barba de 2 semanas...

A isto, o senhor apenas respondeu: “...pois, tem rajão...”

Eu sei que tenho, mas preferia não ter!

Despediu-se com um "Boa viagem", a fazer lembrar o "Deus te acompanhe" que o padre profere quando os pecadores saiem do confecionário.

Tive vontade de o mandar pr'aquilo que ele não vê há muito tempo e de lhe dizer: Óh sócio – sócio dá sempre aquele toque pintarolas que o senhor de certeza estaria habituado – Call Me When You're Sober!


2 comments:

Douradinha said...

Totó!

Devias ter aberto uns botões à camisa, puxado os jeans para cima, sei lá, uma manha qualquer, tudo para evitares a multa!

E eu preocupadíssima a pensar que tinhas sido REALMENTE assaltado... deixar a mulher assim preocupada - tss tss tss

J|M|P said...

Epá, seduzir um senhor daqueles... só se fosse com uma daquelas garrafinhas portáteis que se trazem dentro do bolso do casaco...

Com os meus atributos físico, não me parece que conseguisse ir muito longe - no limite apenas conseguiria agravar a multa.

Mas, vá, não se preocupe - está tudo bem, felizmente!

Beijo grande